quinta-feira, 31 de julho de 2014

Atividade de História

Movimentos messiânicos - religião e morte

- Messias: alguém enviado por uma divindade para trazer a vitória do Bem sobre o Mal, para corrigir as imperfeições do mundo;
- O líder messiânico (líder religioso e social) é carismático, tem atributos extraordinários, é um profeta, vem trazer uma nova mensagem divina em oposição aos sacerdotes (Clero oficial);
 * Independente do regime de governo (Monarquia, República, Estado Novo), são instigados pela imprensa, pelo Clero e por políticos locais: são chamados de "bando de fanáticos".  São considerados uma ameaça à ordem estabelecida;
- comunidades às margens do poder local e da hierarquia da Igreja;
- peões das fazendas, lavradores pobres são maioria na comunidade;
- sangrentos conflitos;
- Messianismo: toma formas políticas: sentimento de esperança e transformação social- encontrados na religião e na política. Aproximam-se de ideais anarquistas e marxistas- visão: nova ordem social, mundo novo igualitário;
-  Religião: catalisador de protesto social, ritual- crise de estrutura e organização social;
- Messianismo: movimentos sociais por serem coletivos, dinâmicos e buscam destruir estruturas consideradas injustas; construção de um mundo novo. Canal de expressão dos problemas sociais e políticos, alternativa para criar uma nova ordem social e sanar as injustiças;
- Organização: agrupamento de homens, mulheres e crianças, o líder era um indivíduo com atributos sobrenaturais, líder carismático. Fundação de uma Cidade Santa, eleito por Deus, vivem de forma harmônica, seguem preceitos éticos e normas internas para o pleno funcionamento da comunidade governada por leis divinas;
- 1893 - 1897 surge no sertão da Bahia o arraial de Belo Monte (arraial de Canudos) próximo ao rio Vaza-Barris, criada por Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro. Chegou a ter 25 mil pessoas (segunda cidade da Bahia);
- 1872 – 1934, em Juazeiro do Norte, Ceará, começa a destacar o trabalho do Padre Cícero Romão Batista, o Padre Cícero. A ele eram atribuídos milagres, a Igreja Católica não reconhece os milagres e o expulsa da Igreja. Pregava Paz, Justiça e Prosperidade ao povo.
Exercícios

Os vaqueiros e os peões do interior executavam o Conselheiro em silêncio, intrigados, atemorizados, comovidos... Alguma vez, alguém interrompia para tirar uma dúvida. Terminaria o século? Chegaria o mundo ao ano 1900? Ele respondia (...)
Em 1896, mil rebanhos correriam da praia para o sertão e o mar se tornaria sertão e o sertão mar(...) Mario Vargas Lhosa.


Questão 1: Podemos apontar como principais fatores da revolta:
a) o crescimento e a modernização da economia nordestina
b) o apoio incondicional do sertanejo à Monarquia
c) a impossibilidade de adaptação do sertanejo aos valores republicanos
d) o abandono em que vivia o sertanejo, o coronelismo e a luta pelo acesso à terra
e) a oposição contra a Igreja Católica, aliada dos monarquistas

Questão 2: Sobre a Revolta de Canudos, assinale a alternativa incorreta:
a) o seu principal líder foi Antônio Conselheiro
b) os sertanejos de Canudos lutavam contra a injustiça e a miséria persistente na região
c) caracterizou-se como um movimento de caráter messiânico
d) a Guerra de Canudos foi tema do livro "Os Sertões" do escritor Euclides da Cunha
e) os revoltosos de Canudos receberam apoio incondicional dos coronéis da região

Questão 3: O Coronelismo foi uma peça importante da engrenagem que impedia a representatividade política da maioria da população, principalmente a parcela da sociedade mais carente. Podemos definir o coronelismo como:
a) sistema de poder cujo grupo político que alternava-se no poder federal como forma de garantir a manutenção dos privilégios aos seus respectivos Estados
b) sistema de poder que consistia na troca de favores entre o poder estadual e municipal a fim de garantir seus interesses políticos utilizando práticas fraudulentas para vencer as eleições
c)sistema de poder político que arregimentava grande número de seguidores a partir de suas propagações religiosas que convenciam os mais pobres a se submeterem ao seu controle
d) sistema de poder baseado no coronel, o líder político loca, grande proprietário de terras e que usava jagunços para formar os currais eleitorais, através de práticas de intimidação do eleitorado.

Questão 4: Canudos era uma pequena aldeia que surgiu durante o século XVIII às margens do rio:
(  ) Vaza Bugre
(  ) Vaza Barris
(  ) São Francisco

Questão 5: São características do Regime Republicano no Brasil na Primeira República:
a) Federalismo, voto universal, os três poderes
b) Federalismo, voto universal, eleições diretas, abolição da escravidão
c) Presidencialismo, voto censitário, eleições indiretas, abolição da escravidão

terça-feira, 29 de julho de 2014

Escutatória
Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar.
Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma”. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem.
Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos.
É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades. Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou.
Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. “Falo como se você não tivesse falado”.
Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou”. Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou”. E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia e que de tão linda nos faz chorar.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

Extraído de http://rubemalvesdois.wordpress.com/2009/11/12/voce-tem-o-dom-de-escutar/